O NATAL DE CHARLIE BROWN (1965): A REPRESENTAÇÃO DA INFÂNCIA NO DESENHO ANIMADO

  • Fernando Teixeira Luiz UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA

Resumo

Projetando um percurso de quase cem anos, o desenho animado conquistou adeptos, emocionou multidões e se firmou no mercado cinematográfico contemporâneo. Caracterizado como um sistema polissêmico, dialógico, revestido de uma complexa rede de signos e edificando uma extensa historiografia marcada por propostas estéticas distintas, foi responsável pelo surto de personagens que se tornaram ícones da cultura pop, como Snoopy, Patty Pimentinha e Charlie Brown. Considerando esse quadro, o presente artigo tem como principal objetivo problematizar um dos mais emblemáticos desenhos inscritos no mercado cinematográfico da década de 1960 – o curta-metragem O Natal de Charlie Brown (1965) – verificando os modos de representação do universo infantil, sublinhando seus conflitos internos, as relações com o consumo nas festas de final de ano e o discurso de autoafirmação da criança. Parte-se, assim, da tese de que o cinema gráfico introduz, como protagonistas, personagens infantis a partir de modelos bastante heterogêneos sobre crianças, que refletem, via de regra, o ideário cultural e os aspectos ideológicos inscritos no contexto histórico e social no qual a animação está inserida. Para tanto, almeja-se, com base nos recursos empregados pelo estúdio na tessitura do texto visual e das múltiplas vozes instauradas ao longo do desenho, identificar os modos de representação endereçados às crianças.

Biografia do Autor

Fernando Teixeira Luiz, UNIVERSIDADE DO OESTE PAULISTA
Professor do Departamento de Artes Visuais da FACLEPP/ UNOESTE. Pós-doutorado em Literatura Comparada, Doutor em Letras, Mestre em Educação e graduação em Pedagogia. Áreas de atuação: formação de leitores na Educação Infantil, literatura para crianças e desenho animado.

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Publicado
2017-06-29
Seção
Artigos