A ORDEM DE N. SRA DAS MERCÊS E OS PONTOS DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DO ENSINO DA MÚSICA SACRA NO GRÃO-PARÁ (SEC. XVII-XVIII)

Palavras-chave: Música Sacra. Ordem de N. Sra das Mercês. Grão-Pará.

Resumo

O presente estudo visa apresentar indícios da prática e do ensino da música sacra no Grão-Pará, desenvolvido pela Ordem dos Mercedários, a partir de fontes referentes ao período colonial (séc. XVII e XVIII) e da historiografia em Castro (1968), Salles (1980), Reis (1997) entre outros. A música, no contexto da colonização, aparecia como elemento de aproximação na relação entre o missionário católico e os indígenas, bem como elemento na educação dos indígenas e dos filhos de colonos e, para seu ensino, utilizavam-se técnicas próprias como o Solfa. A presença da música sacra teve grande impacto na dinâmica sociocultural do Grão-Pará, a tal ponto de se transformar em elemento da memória e história da cultura amazônica, presente até os dias atuais, como as Festas de Santo, onde se pode identificar a presença de ladainhas e hinos em latim, herança dessa interação musical iniciada pelas ordens religiosas no Grão-Pará.

Biografia do Autor

Thais Cybelle Araújo da Silva, Universidade do Estado do Pará

Mestranda em Educação (PPGEd/UEPA). Especialista em Musicologia (RABASF). Graduada em Pedagogia (UEPA), Direito (UFPA), e Música (UEPA).

Maria do Perpétuo Socorro Gomes de Souza Avelino de França, Universidade do Estado do Pará

Doutora em História, Filosofia e Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com Estágio Pós-Doutoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS). Professora do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação, do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

Referências

ALBUQUERQUE, Maria Betânia Barbosa. Beberagens indígenas e educação não escolar no Brasil colonial. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, 2012.

BARROS, Liliam Cristina da Silva. Repertórios musicais em trânsito: música e identidade indígena em São Gabriel da Cachoeira, AM. Belém: EDUFPA, 2009.

BETTENDORFF, João Felipe. Crônica dos padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2. ed. Belém: SECULT, 1990.

BLOCH, Marc. Apologia da história, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

CASTAGNA, Paulo. Cantochão e liturgia: implicações na pesquisa da música católica latino-americana (séculos XVI-XX). In: IV SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Curitiba, 20-23 jan. 2000. Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2001. p.199-222.

CASTRO, Emílio Silva. A ordem das Mercés no Brasil (1639-1965). In.:______. Mercedários no Brasil ontem e hoje. Rio de Janeiro: 1968.

CUNHA, Paola A. B.; FONSECA, Thais N. de L. e. Educação e religiosidade: as práticas educativas nas irmandades leigas mineiras do séc XVII nos olhares de Debret e Rugendas. In: Simpósio Nacional de História - História: Guerra e Paz, 23., 2005, Londrina. Anais. Londrina: Editorial Mídia, 2005. p. 1-9. Disponível em https://anais.anpuh.org/?p=14876. Acesso em: 12 dez. 2019.

DUARTE, Fernando Lacerda Simões. De canções devotas e tamboris: reflexões sobre memórias, documentos e silêncios acerca das práticas musicais nos primeiros contatos entre os ameríndios e missionários católicos na Amazônia. In: BARROS, Liliam. SEVERIANO, Rafael (Org.). Arqueologia musical amazônica. Belém: Paka Tatu, 2018. p. 59 a 87.

ENCARNACIÓN, Manuel de la. Lembranza dos Religiosos q. tomarão o abito e profesarão / neste Comto. Da Natividade comforme das profi /somes, dosq. Sam oje vivos. Manuscrito n. 20 Coleção n. 18.764. Madrid: Biblioteca Nacional, s/d, fl 1-3.

FERRAZ, Eugênio. Convento dos Mercedários de Belém do Pará: breve histórico e registros de sua recuperação. 2. ed. Rev. e Ampl. Belo Horizonte: C/Arte, 2000.

FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Ed. UNESP, 2005.

GABY, André Alves. Documentos para história da prática musical dos mercedários. In: BARROS, Liliam; SEVERIANO, Rafael (Org.). Arqueologia musical amazônica. Belém: Paka Tatu, 2018. p. 38 a 58.

GALVÃO, Eduardo. Santos e visagens: um estudo da vida religiosa de Ita, Amazonas. São Paulo: Companhia Editorial Nacional, 1955.

GRÃO-PARÁ. Grão-Pará, carta de 13 de abril de 1761. Cópia de Manuscrito. Códice 11415: Documentos vários dos arquivos do Pará, compreendidos entre 1753 e 1800 e relativos à administração deste estado no referido período. Biblioteca Nacional de Portugal. Cópia, p.131-134.

GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da Música Ocidental. Lisboa: Gradiva, 2007.

HALBWACH, Maurice. A memória coletiva. Tradução Laís Teles Benoir. São Paulo: Centauro, 2004.

HOLLER, Marcos. Os jesuítas e a música no Brasil colonial. Campinas: Unicamp, 2010.

INRC - Inventário Nacional de Registro Culturais. Dossiê da Festividade do Glorioso São Sebastião na Ilha do Marajó. Belém: IPHAN, 2010.

KOCH- GRUNDBERG, Theodor. Dois anos entre os indígenas. Manaus, AM: EDUA, 2005.

LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil. Vol. IV. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943.

NIMUENDAJU, Curt. Reconhecimento dos rios Içana, Ayari e Uaupés: relatório apresentado ao Serviço de Proteção aos Índios do Amazonas e Acre. In: Journal de la Societé des Americanistes. Nouvelle Serie, Tome XXXIX. Paris: Museé de L’homme, 1950. p.125-183.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Projeto história. São Paulo. Dezembro, 1993.

PEREIRA, Nunes. O sahiré e o marabaixo. Recife: Massagana, 1989.

POLLACK, Michael. Memória, esquecimento e silêncio. In: Estudos históricos. vol 2, n. 3. Rio de Janeiro, 1989. p. 3-15.

REIS, Arthur C. F. A política de Portugal no Vale Amazônico. Belém: Secretaria de Estado da Cultura, 1940.

______. A conquisa espiritual da Amazônia. Manaus: Ed. da Universidade do Amazonas, 1997.

RICCI, Magda. As letras e a vida: a formação e os saberes dos letrados da Amazônia brasileira (1750-1820). In: CHAMBOULEYRON, Rafael; SOUZA Jr., José Alves de. Novos olhares sobre a Amazônia colonial. Belém: Paka Tatu, 2016.p. 360-380.

SALLES, Vicente. A música e o tempo no Grão Pará. Belém: Conselho Estadual de Cultura, 1980.

______. O Cantochão dos Mercedários no Grão-Pará. In: II Simpósio Latino Americano de Musicologia, 1999, Curitiba. Anais... Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 1999.

SILVA, Garcilenil do Lago. Educação na Amazônia colonial: contribuição à história da educação brasileira. 1976. 108 fl. Tese (Doutorado em Educação) – Curso de Educação, Pontifícia Universidade Católica, Rio de Janeiro, 1976.

SILVA, Lidiane Rodrigues Campelo da. Pesquisa documental: alternativa investigativa na formação docente. In: IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE. PUC-PR, 2009.

SILVEIRA, Camila Nunes Duarte. A ação Pedagógica da Companhia de Jesus no Brasil do século XVI e os usos da Memória. 2014. 121 f. Dissertação (Mestrado em Memória: Linguagem e Sociedade) – Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 2014.

VEIGA, Frei João da. Ritual da Sagrada e Real Ordem Militar de N. S. das Mercês, da Redenção dos Cativos, para uso dos frades da mesma ordem residentes na Congregação do Pará, por mandado do R. P. pregador Fr. João da Veiga, Comendador da mesma ordem, na cidade do Pará. Sacro. Lisboa: Francisco Ameno, 1780.

WEAGLEY, Charles. Uma comunidade amazônica: estudo do homem nos trópicos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1957.

Publicado
2020-09-14
Seção
Artigos