NARRATIVAS ARTURIANAS E IDENTIDADES DE FÃS
Resumo
Este artigo apresenta um recorte sintético de nossa pesquisa, focada nas relações dialógicas entre narrativas contemporâneas situadas em ambientes digitais e histórias arturianas, a fim de observar modos e meios pelos quais sujeitos brasileiros, que se colocam como fãs dessas narrativas medievais, constituem suas identidades, em suas produções. De cunho qualitativo e interpretativo, a pesquisa recorre à etnografia digital (PINK et al., 2016) como metodologia para buscar/coletar dados no ciberespaço. Para a análise, adotamos perspectiva dialógica da linguagem (BAKHTIN, 2016; 2017), e os conceitos de narrativa (FESTINO, 2015; MURRAY, 2007), identidade (MEDINA, 2006; TURKLE, 2016), espaços de afinidade (GEE, 2009), cultura participativa/de fã (JENKINS, 2009; BLACK, 2009). Dessa forma, exploramos alguns movimentos de sujeitos-fãs que, em busca de diálogos com outrem, estabelecem interface com histórias arturianas, contribuindo para nossa percepção de que há, nessas produções apoiadas em mídias digitais, processos que indiciam a construção de identidades complexas e heterogêneas.
Referências
ANDROUTSOPOULOS. J; JUFFERMANS, K. Digital language practices in superdiversity: Introduction - editorial. In: Discourse, Context and Media, Elsevier. p. 1-6, v.6, dez. 2014.
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2016.
_______. Para uma filosofia do ato responsável. Tradução de Carlos Alberto Faraco e Cristovão Tezza. São Carlos: Pedro e João Editores, 2017.
BLACK, R. W. Online fan fiction, global identities, and imagination. In: Research in the teaching of English. v. 43, n. 4, maio 2009, p. 397-425.
CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo, SP: Pensamento, 2007. 414 p.
CHILDS, P.; FOWLER, R. Myths. In: The Routledge Dictionary of Literary Terms. Nova Iorque, EUA: Routledge, 2006. p. 146-147.
FESTINO, C. G. Os avanços tecnológicos: o fim da literatura? In: TAKAKI, N. H.; MACIEL, R. F. (Orgs.). Letramentos em terra de Paulo Freire. 2. ed. Campinas, SP: Pontes Editores, 2015.
GEE, J. P. Affinity Spaces: from age of mythology to today's schools. In: Situated Language and Learning: a critique of traditional schooling. Nova Iorque, EUA: Routledge, 2004
JENKINS, H. Cultura da convergência. Tradução de Susana L. de Alexandria. 2. ed. São Paulo: Aleph, 2009.
LE GOFF, J. Heróis e maravilhas da idade média. Tradução de Stephania Matousek. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
MEDINA, J. Contextualizing identity. In: Speaking from elsewhere. New York: Sunny, 2006, p. 53-99.
MURRAY, J. H. Why Paris needs Hector and Lancelot needs Mordred: using traditional narrative roles and functions for dramatic compression in interactive narrative. In: Si M., Thue D., André E., Lester J.C., Tanenbaum J., Zammitto V. (Orgs.). Interactive Storytelling. ICIDS 2011. Lecture Notes in Computer Science, v. 7069. Springer, Berlin, Heidelberg.
PINK, S. et al. Digital Ethnography. London: Sage Publications Ltd., 2016.
TURKLE, S. Life on the screen: identity in the age of the Internet. Nova Iorque, EUA: Simon and Schuster Paperbacks, 2016.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).