PRESENÇA DE ESTUDANTES INDÍGENAS NA PÓS-GRADUAÇÃO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA UNILA
Resumo
Este artigo tem como objetivo identificar desafios e perspectivas para estudantes indígenas no acesso e permanência nos Programas de Pós-Graduação (PPG) na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), além de evidenciar lacunas no que colocam em risco o acesso dos destinatários das ações afirmativas nas Instituições de Ensino Superior. A pesquisa foi realizada com uma abordagem quantitativa e qualitativa, utilizando como ferramenta questionário online aplicado com discentes com matrícula ativa e egressos, além de uma análise dos dados referente a distribuição étnico-racial indígena na pós-graduação. Analisamos também a documentação dos Programas de Pós-Graduação da Unila, em especial os regimentos internos e editais e, consultamos alguns gestores da pós-graduação na Unila. Verificou-se dos 1.433 mestrandos e mestrandas na Unila (ativos e egressos), 32 alunos se declararam indígenas (2,23%). Esses dados são reveladores da forma como as políticas públicas para indígenas no ensino superior foram pensadas, além da forma como os indígenas entendiam o ensino superior. Das respostas identificamos múltiplas barreiras, tanto para o ingresso como para a permanência na universidade, bem como a o desafio do não reconhecimento como sendo eles “legítimos pesquisadores”. Por fim, identificamos desafios que emergem dos critérios de pertencimento étnico e da necessidade de aperfeiçoá-los a fim de garantir a efetividade da lei a que foi destinada.
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