“AS CRIANÇAS COMEÇAVAM A LER E EU FALAVA NÃO FUI EU QUE ENSINEI”: ESTUDO DE CASO SOBRE A ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO REMOTO EMERGENCIAL

Palavras-chave: Educação Básica. Ensino Remoto Emergencial. Tecnologia. Teoria Crítica.

Resumo

Este artigo objetiva analisar as implicações do ensino remoto emergencial sobre o processo de alfabetização de crianças na rede pública de ensino, tendo em vista a relação entre educação e tecnologia no contexto histórico vigente. Para tanto, realizou-se um estudo de caso por meio de entrevistas semiestruturadas, concedidas por professoras alfabetizadoras que atuaram durante o primeiro ano de pandemia de COVID-19 no Brasil em turmas do Ensino Fundamental. Fundamentando-se no referencial epistemológico da Teoria Crítica da Sociedade e na dialética negativa como metodologia de análise crítica do objeto, identifica-se a predominância da razão instrumental no ensino remoto emergencial, cuja relação reificada entre educação e tecnologia passou a caracterizá-lo como um mecanismo de manutenção do status quo social, de perpetuação das desigualdades estruturais da sociedade de classes e, enfim, de alastramento da semiformação como forma de socialização hegemônica no capitalismo tardio.

Biografia do Autor

Bianca Stela Luiz e Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Mestra em Educação pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Integrante do Grupo de Pesquisa Nexos: Teoria Crítica e Pesquisa Interdisciplinar - Sul (UDESC) e do Grupo de Pesquisa EDUMIDIA (UFSC).

Roselaine Ripa, Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

Pedagoga, Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Professora Associada na UDESC e credenciada no PPGE/UDESC. Líder do Grupo de Pesquisa Nexos: Teoria Crítica e Pesquisa Interdisciplinar - Sul (CNPQ/UDESC).

Referências

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Publicado
2025-09-03