"NÃO ESQUEÇA O SEU LUGAR [...] NÃO SOU SUA IGUAL": DEBATES RACIAIS NA CONSTRUÇÃO DO NEGRO NO ROMANCE O SERTANEJO (1875) DE JOSÉ DE ALENCAR
Resumo
Neste trabalho, tomamos o romance O sertanejo (1875) como fonte e objeto de análise (PESAVENTO, 2000), para analisar a construção do negro em José de Alencar, por compreender a literatura como um artefato social e cultural. Dialogamos com Alonso (2015) e Machado (2010), para refletir sobre as leituras raciais dos movimentos abolicionistas do período contemporâneo a escrita da obra analisada, assim como Silva (2004), para perceber o posicionamento político do romancista diante dos debates parlamentares que Alencar se envolvia na década de 1870, que ecoa em uma leitura do negro no Brasil, comungando com os debates raciais do século XIX (SCHWARCZ, 1993). Através do romance, é possível perceber as sutilezas utilizadas pelo escritor para demarcar os lugares sociais dos sujeitos e uma necessidade protecionista do homem branco para com o negro, que naturaliza a subalternidade racial, propondo uma nação civilizada nos moldes europeus, sem a existência de conflitos demarcados pela cor.
Referências
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