DESSACRALIZANDO OS FESTIVAIS DE CINEMA: UMA REVISÃO ACERCA DO BINARISMO ENTRE O CINEMA HOLLYWOODIANO E OS FILMES DE FESTIVAIS

  • Nathan dos Santos Alves Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)
Palavras-chave: Festivais de Cinema. Circuito Internacional de Festivais de Cinema. Cinema Hollywoodiano. Geopolítica e Cinema.

Resumo

Alguns autores, como Marijke De Valck (2007a; 2007b) e Thomas Elsaesser (2005), por exemplo, têm demonstrado em seus trabalhos que a aliança entre a indústria norte-americana e os festivais se manifesta desde o nascimento dos segundos. O presente artigo, ao levar tais estudos em consideração, busca uma abordagem comparativa entre o modus operandi do cinema Hollywoodiano e as estratégias adotadas pelos festivais de cinema para legitimação e sucesso dos filmes que ali circulam. Nossa proposta pode ser vista como uma tentativa de dessacralizar os festivais de cinema, uma vez que acreditamos que a contraposição ao cinema hollywoodiano é, talvez, o ponto que torna o tratamento dos festivais por parte dos pesquisadores enquanto um fetichismo, fazendo com que sejam ignoradas as naturezas política e econômica latentes dos festivais de cinema, e se opere através da idealização de uma superioridade artística em oposição à/ao massificação/aspecto. Investigamos as estratégias político-discursivas para agregar valor e obter sucesso comercial, assim constituindo os Festival Hits equivalentes aos blockbusters norte-americanos. Não queremos igualar o cinema hollywoodiano aos filmes de festivais, afinal, eles se mostram opostos em termos de conteúdo/forma, porém similares, e até mesmo articulados, em termos de estratégias comerciais.

Biografia do Autor

Nathan dos Santos Alves, Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR)

Graduado em Ciências Sociais (pela UFT), Mestre em Cinema e Artes do Vídeo (pela UNESPAR). Atualmente é Doutorando em Antropologia: Políticas e Imagens da Cultura e Museologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa (NOVA-FSCH) em associação ao Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE) e ao Centro em Rede de Pesquisa em Antropologia (CRIA-PT).

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Publicado
2023-03-27
Seção
Artigos