NEGRAS E NEGROS EM ESCRITAS DE SI: DESIGNAÇÃO E SENTIDOS
Resumo
Este trabalho analisa os sentidos construídospara negras e negros brasileirosem escritas de si, tomando, como aporte teórico de análise, a Semântica Enunciativa do Acontecimento (GUIMARÃES, 2005 [2002]). O conceito de escrita de si foi criado por Michel Foucault (1992 [1983]), para designar registros de pensamentos e ações diárias, em cartas e cadernos de anotações, na Antiguidade Greco-Romana. No campo literário contemporâneo, é usado para nomear relatos de vida, desde memórias a reality shows (KLINGER, 2006; ARFUCH, 2010).As obras selecionadas para análise, são: uma (auto)biografia, dois diários e um relato de vida. As análises apontam para relações conflituosas no espaço de enunciação, o que mostra o político funcionando no acontecimento da linguagem, trazendo à tona as discrepâncias e exclusões, mas também produzindo condições de igualdade no jogo de embates pelo acesso à palavra, pela superação do racismo.
Referências
AKOTIRENE, Carla. Interseccionalidade. São Paulo: Pólen, 2019.
ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Tradução Paloma Vidal. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010.
FOUCAULT, Michel [1983]. A escrita de si. In: -----------. O que é um autor? 3. ed. Tradução Antonio F. Cascais e Eduardo Cordeiro. Lisboa: Passagens, 1992. p. 129-60.
GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz: corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019.
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. Tradução de Américo Jacobina Lacombe. Companhia Editora Nacional, 1956. Disponibilidade em: <http://www.brasiliana.com.br>. Acesso em: 05 jan. 2016.
GUIMARÃES, Geni. Leite do peito: contos. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2001.
GUIMARÃES, Eduardo [2002]. Semântica do acontecimento: um estudo enunciativo da designação. 2.ed. Campinas, SP: Pontes, 2005.
GUIMARÃES, Eduardo. Domínio semântico de determinação. In: GUIMARÃES, E.; MOLLICA, M.C. A palavra: forma e sentido. Campinas: Pontes, RG Editores, 2007.
GUIMARÃES, Eduardo. A enumeração funcionamento enunciativo e sentido. Cadernos de Estudos Linguísticos, Campinas, v. 51, n. 1, p. 49-68, Jan./Jun. 2009.Disponibilidade em:<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cel/article/view/8637219>. Acesso em: 17 mar. 2015.
GUIMARÃES, Eduardo. Quando o eu se diz ele: análise enunciativa de um texto de publicidade. Revista da Anpoll, v. 1, n. 29, p. 15-40, jun. 2010. Disponibilidade em: <https://revistadaanpoll.emnuvens.com.br/revista/article/view/172>. Acesso em: 17 mar. 2015.
GUIMARÃES, Eduardo [2012]. Análise de texto: procedimento, análise, ensino. 2.ed. São Paulo: Hucitec, 2017.
GUIMARÃES, Eduardo. Semântica, enunciação e sentido. Campinas, SP: Pontes Editores, 2018.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Ática, 2014.
KLINGER, Diana Irene. Escritas de si, escritas do outro: autoficção e etnografia na narrativa latino-americana contemporânea.2006. 204 f. Tese (Doutorado em Letras) - Instituto de Letras, UERJ, Rio de Janeiro, 2006.
KLINGER, Diana Irene. Escrita de si como performance. Revista Brasileira de Literatura Comparada:revista do Programa de Pós-graduação em Letras da UFRGS, Porto Alegre, v. 10, n. 12, p. 11-30, 2008. Disponibilidade em: <http://www.abralic.org.br/downloads/revistas/1415542249.pdf>. Acesso em: 05 ago. 2020.
NASCIMENTO, Abdias [1980]. O quilombismo: documentos de uma militância pan-africana.3.ed.São Paulo, Perspectiva; Rio de Janeiro, IPEAFRO, 2019.
ORTIZ, Esmeralda. O diário da rua. São Paulo: Salamandra, 2003.
RITER, Caio. Pedro Noite. São Paulo: Biruta, 2011.
SILVA, GleicyMailly da. Corpo, política e emoção: feminismos, estética e consumo entre mulheres negras. Horizontes Antropológicos: Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - IFCH-UFRGS, Porto Alegre, ano 25, n. 54, p. 173-201, maio/ago. 2019.Disponibilidade em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-1832019000200173>. Acesso em: 18 out. 2019.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).