O LUGAR DA ARTE NO CONTINUUM SEMÂNTICO-ARGUMENTATIVO DA LINGUAGEM
Resumo
Este artigo visa a situar a artisticidade do sentido − marca por excelência da expressão da subjetividade e da ideologia do locutor − no continuum semântico-argumentativo da linguagem postulado por Gomes (2020). Para tanto, à luz de princípios e conceitos da Teoria dos Blocos Semânticos, descreve-se a significação de palavras e explica-se o sentido de enunciados e de períodos argumentativos do discurso Bolsonaro é uma mentalidade (SILVA, 2018). As noções de aspecto e de encadeamento normativos e transgressivos − a partir de seus tipos argumentativos doxal, paradoxal e contextual − permitem concluir que o conteúdo artístico de enunciados deriva, por um lado, com expressivas intensidade e frequência, dos encadeamentos contextuais e, por outro, com inexpressivas intensidade e frequência, dos encadeamentos estruturais. Enfim, esta pesquisa teórico-aplicada também mostra que, na língua-sistema, a arte, a subjetividade e a ideologia repousam em potencial, à espera de um locutor que as realize no discurso.
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