A INFÂNCIA NA UNIVERSIDADE? RASTROS DA CRIANÇA ENUNCIADA EM TORNO DA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (EEI-UFRJ)
Resumo
Este artigo resulta de tese acerca da infância na universidade, investigando mais especificamente a criança enunciada na Escola de Educação Infantil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEI-UFRJ), que atualmente faz parte do Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp-UFRJ). O texto desenvolve-se com uma análise de documentos de diferentes instâncias e setores da universidade que remetem à EEI-UFRJ, buscando rastros da infância na instituição, no período compreendido entre 2011 e 2018. A escolha do marco temporal se deu pela publicação da Resolução nº 1, de 10 de março, que fixou normas de funcionamento das unidades de Educação Infantil ligadas à Administração Pública Federal. A base teórica do trabalho está apoiada nas Epistemologias do Sul, proposta por Boaventura de Sousa Santos (2008), sobretudo numa contraproposta universitária que inclua os saberes da infância, e que esses componham os saberes pluriversitários, junto com outros saberes marginalizados. A análise no cruzamento dos dados levantados aponta para um apagamento da infância nos documentos encontrados, mas a infância resiste na universidade, o que produz um tensionamento de forças anunciativa que confrontam diferentes gerações e projetos de universidade, que constituem a UFRJ.
Referências
BARROS, M. O livro das Ignorãças. 4ª ed. Rio de Janeiro e São Paulo: Record, 1997.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA, 2009.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 1, de 10 de Março de 2011. Brasília, DF.
GIL, M. O. G. Políticas Públicas de Educação Infantil do município do Rio de Janeiro: Berçário em foco. (Tese de Doutorado). Uerj, 2018.
MELLO, M. B. A infância em cronotopos: migração, território e enunciação infantil. Educação em foco. v. 23, n. 3, set/dez, 2018.
SANTOS, B. S. "Da Ideia da Universidade à Universidade de Ideias", Revista Crítica de Ciências Sociais, 27/28, 1989.
_______. Um discurso sobre as ciências. 5ª ed. São Paulo: Cortez; 2008.
_______. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade. São Paulo: Cortez, 2010.
_______; MENESES, Maria Paula. (Orgs.) Epistemologias do Sul. São Paulo; Editora Cortez. 2010
SARMENTO, M. J. Imaginário e culturas infantis. Cad. Educ. Fae/UFPel, Pelotas (21): 51-59, jul./dez., 2003.
_______. Gerações e alteridade: interrogações a partir da Sociologia da Infância. Educação & Sociedade. Campinas, v. 26, n. 91, mai/ago, 2005.
_______.VASCONCELLOS, V. M. R. (Org.) Infância (in)visível. Araraquara/SP: Junqueira e Marin, 2007.
_______. “O Estudo de Caso Etnográfico em Educação” In: ZAGO, N.; CARVALHO, M. P.; VILELA, R. A. T. (Org.) Itinerários de Pesquisa - Perspectivas Qualitativas em Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: Lamparina, 2011.
_______; FERNANDES, N.; TREVISAN, G. A redefinição das condições estruturais da infância e a crise económica em Portugal. In: Diogo, F.; Castro, A.; Perista, P. (Orgs.), Pobreza e exclusão social em Portugal. V. N. Famalicão: Húmus, 2016.
_______; TREVISAN, G. A crise social desenhada pelas crianças: imaginação e conhecimento social. In: Educar em revista. Curitiba, n. 2, p. 17-34, set. 2017.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais, científicas, não comerciais, desde que citada a fonte (por favor, veja a Licença Creative Commons no rodapé desta página).