COMENTÁRIOS COMO NARRATIVAS: HISTÓRIAS DE SEXISMO EM CONTEXTO FAMILIAR NA INTERNET

Palavras-chave: Narrativas. Comentários. Sexismo. Interação. Internet.

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi analisar como narrativas são criadas a partir de comentários em uma postagem da plataforma Youtube sobre o tema “Machismo”, de modo a analisar sua estruturação e as questões sociais envolvidas na temática que estimularam as narradoras na construção de sua história. As narrativas em questão foram geradas em contexto de comunicação on-line. Dessa forma, os comentários como narrativas, diferentemente da entrevista, são construídos em contextos espontâneos de interação. Os posicionamentos teóricos que nortearam nossa análise foram as noções labovianas de narrativa e de pequenas narrativas alinhadas a uma perspectiva interacional. A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa interpretativista. Percebemos através da análise do corpus selecionado que as narrativas como comentários podem apresentar tanto uma estrutura majoritariamente canônica, quanto também ser construídas de outras formas, a partir de outras estratégias que não labovianas e de modo a funcionar como uma ferramenta argumentativa, uma característica comum em pequenas narrativas.

Biografia do Autor

Gabriela Viol Valle, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestranda em Estudos da Linguagem (PUC-Rio); Especialista em Português para Estrangeiros, (UFF); Graduada em Letras (UFRJ); Graduada em Psicologia (UNESA).   

Lucas Felipe de Oliveira Santiago, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Mestrando em Estudos da Linguagem (PUC-Rio); Especialista em Literaturas Africanas e Portuguesa (UFRJ); Graduado em Letras (UFF). 

Referências

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. 2003/ [1979].


BAMBERG, M. Stories - big or small - why do we care? In: Narrative Inquiry, v. 16, n. 1, Amsterdã, 2006, p. 139 - 147.


____________GEORGAKOPOULOU, A. Small stories as a new perspective in narrative and identity analysis. Text and Talk, v. 28, n. 3, 2008, p. 377 - 396.


BASTOS, L. C. Contando estórias em contextos espontâneos e institucionais – uma introdução ao estudo da narrativa. Calidoscópio. vol. 3, n. 2, maio/agosto, 2005. Disponível em: https://www.academia.edu/21840738/Contando_est%C3%B3rias_em_contextos_espont%C3%A2neos_e_institucionais_uma_introdu%C3%A7%C3%A3o_ao_estudo_da_narrativa. Acesso em: 25 de setembro de 2020.


_____________. Narrativa e vida cotidiana. SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 7, n. 14, p. 118-127, 1º sem. 2004. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/scripta/article/view/12548. Acesso em: 22 de setembro de 2020.


_____________& SANTOS, W. S dos. A entrevista na pesquisa qualitativa – perspectivas em análise da narrativa e da interação. Rio de Janeiro. Quartet/ FAPERJ, 2013.

_____________BIAR, L. A. Análise de narrativa e práticas de entendimento da vida social. D.E.L.T.A., 31-especial, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/delta/v31nspe/1678-460X-delta-31-spe-00097.pdf. Acesso em: 25 de setembro de 2020.


BIAR, L. A. PASCHOAL, F. V. C. “(Não) leia os comentários”: a disputa da notícia sobre o assassinato de marielle franco. Trab. Ling. Aplic., Campinas, n(59.2), mai./ago. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/tla/v59n2/2175-764X-tla-59-02-1051.pdf. Acesso em: 18 de setembro de 2020.


BUTLER, J. Problemas de Gênero: Feminismo e a subversão da identidade. 18° edição. Trad. Renato Aguiar. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 2019.


__________. Actos performativos e constituição de género – Um ensaio sobre
fenomenologia e teoria feminista. In: --------. Genero, Cultura Visual e Performance. Organização Ana Gabriela Macedo e Francesca Rayner. Ribeirão: EDIÇÕES HÚMUS, 2011. p. 69 -88.


Denzin, N. K.; Lincoln, Y. S. O Planejamento da Pesquisa Qualitativa: teorias e abordagens. Trad: Sandra Regina. Porto Alegre: Artmed. 2006.


FABRÍCIO, B. F. Linguística Aplicada Como Espaço de “Desaprendizagem”. In: -------. Por Uma Linguística Aplicada INdisciplinar. Organização Luiz Paulo Moita Lopes. São Paulo: Parábola Editorial, 2006. p. 45-63.


GARCEZ, P. Deixa eu te contar uma coisa: o trabalho sociológico do narrar na conversa cotidiana. In: ---------. Narrativa, Identidade e clínica. Organização Branca Telles Ribeiro, Cristina Costa Lima, Maria Tereza Lopes Dantes. Rio de Janeiro. IPUB, CUCA, 2001. p.189-214.

GEORGAKOPOULOU, A. Small stories, interaction and identities. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company. 2007

GOFFMAN, E. Gender advertisements. Cambridge, Mass.: Harvard University Press. 1976.

LABOV, W. A Transformação da Experiência em Sintaxe Narrativa. Trad. In: Narrativa e Interação: Estudos Interdisciplinares (título provisório). Org. Liliana Cabral Bastos e Branca Telles Ribeiro, no prelo.


MISHLER, Elliot. Research interviewing: context and narrative. Cambridge: Harvard University Press, 1986.


MOITA LOPES, L. P. Identidades fragmentadas: a construção de raça, gênero e sexualidade na sala de aula. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002.


PEREIRA, M.G.D. DIAS, F. H. Narrativas de deslocamento de jovens em intercâmbio Internacional: construções de identidade nas “fronteiras” em Cidades do interior de minas gerais. Cadernos de Linguagem e Sociedade, 16(2), 2015. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/les/article/view/7480/6194. Acesso em: 20 de setembro de 2020.


_____________ CORTEZ, C. M. Narrativas como práticas de agentes comunitárias: a fala ‘no’ e ‘sobre’ o trabalho em uma reunião sobre o tratamento da tuberculose. Calidoscópio, Vol. 9, n. 2, 2011. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/cld.2011.92.01/412. Acesso em: 21 de setembro de 2020


RECUERO. R. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes sociais no Facebook. Verso e Reverso, 2014. Disponível em: http://www.revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/viewFile/7323/4187. Acesso em: 15 de setembro de 2020.


SACKS, Harvey. On doing “being ordinary”. In: ATKINSON; J. Maxwell; HERITAGE,John (Org.). Structures of social action. Cambridge: Cambridge University Press, 1984 – Tradução: Felipe Portela, Priscilla Pellegrino e Vívian Gomes.Em Veredas on line – Atemática – vol. 1, 2007. Disponível em: https://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2009/12/traducao.pdf . Acesso em: 17 de setembro de 2020.


SOUSA, L. P DE, ROCHA, D. R. A desigual divisão sexual do trabalho: um olhar sobre a última década. Estudos Avançados, V. 30 (87), 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ea/v30n87/0103-4014-ea-30-87-00123.pdf. Acesso em: 25 de setembro de 2020.
Publicado
2021-06-28