OS SENTIDOS DE ESCOLA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O “VÍRUS” DO APROFUNDAMENTO DAS DESIGUALDADES EDUCACIONAIS

Palavras-chave: Sentidos de Escola. Pandemia. Discurso. Desigualdades Educacionais.

Resumo

O texto busca problematizar os sentidos de escola produzidos em meio a disseminação do Covid-19 no Brasil. Especificamente, analisa os discursos ensejados por orientações de retorno às aulas presenciais e em regime híbrido de duas redes estaduais do norte do brasil. Trata-se de uma análise documental em uma aproximação com uma perspectiva teórico-metodológica discursiva, que busca compreender os sentidos de escola produzidos enquanto uma disputa antagônica pela fixação de articulações políticas. Os resultados apontam que os documentos orientadores de retorno às aulas demarcam sentidos relacionados à escola para fins de cumprimento de carga horária mínima definida em legislação e de prescrição de conteúdos mínimos para aprendizagem, o que vai na contramão da educação enquanto um direito público. Assim, não havendo uma reflexão mais ampliada sobre o atual momento pandêmico na definição destas orientações para a educação básica, este quadro pode aprofundar as desigualdades educacionais já existentes.

Biografia do Autor

José Rafael Barbosa Rodrigues, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestrado em Educação Universidade Federal do Pará (UFPA).  Professor da Escola de Aplicação da UFPA.

Letícia Carneiro da Conceição, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Doutora em Educação Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestra em Educação  pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora da SEDUC/PA e SEMEC/Belém. 

Carlos Jorge Paixão, Universidade Federal do Pará (UFPA)

Pós-doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).  Doutor em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP).  Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade de São PaULO (PUC-SP). Professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). 

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Publicado
2022-03-09