“NÃO É UMA ASSOCIAÇÃO PARA CUIDAR DAS TERRAS, MAS PARA CUIDAR DAS PESSOAS”: A ORGANIZAÇÃO SOCIAL QUILOMBOLA SOB AS LENTES DA EDUCAÇÃO CRÍTICA

  • Rute Ramos da Silva Costa Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus Macaé http://orcid.org/0000-0002-3865-5956
  • Alexandre Brasil Fonseca Núcleo de Tecnologia Educacional em Saúde, Universidade Federal do Rio Janeiro (NUTES-UFRJ)
  • Raysa Araújo Beiro Fontes Campus Macaé, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Resumo

Este artigo apresenta o potencial das teorias freirianas no processo de formação das entidades comunitárias quilombolas. De cunho qualitativo, o trabalho expressa as narrativas da liderança da Associação de Remanescentes de Quilombo Machadinha (ARQUIMA) e os registros de uma observação etnográfica. Inicialmente contextualizamos historicamente a origem dos quilombos, as intempéries do cenário escravista e seus reflexos no atual campo do direito. No segundo momento, promovemos um diálogo entre a educação crítica e a organização social que se pretenda participativa. Por fim, apresentamos as vivências da ARQUIMA, impregnada da Pedagogia da Autonomia. Concluímos que o texto possibilita reflexões para ao campo das políticas públicas e da educação, por apontar um caminho de inclusão e valorização da vida.

Palavras-chave: Comunidade de Remanescente de Quilombo; Educação Crítica; Organização Social.

Biografia do Autor

Rute Ramos da Silva Costa, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus Macaé
Professora do Curso de Graduação em Nutrição, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Campus Macaé. Doutoranda em Educação em Ciências e Saúde, NUTES, UFRJ. Membro do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da cidade universitária de Macaé. Coordenadora do Projeto de extensão e pesquisa CulinAfro.
Alexandre Brasil Fonseca, Núcleo de Tecnologia Educacional em Saúde, Universidade Federal do Rio Janeiro (NUTES-UFRJ)

Núcleo de Tecnologia Educacional em Saúde,
Universidade Federal do Rio Janeiro (NUTES-UFRJ)

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Publicado
2017-10-27