“NÃO É UMA ASSOCIAÇÃO PARA CUIDAR DAS TERRAS, MAS PARA CUIDAR DAS PESSOAS”: A ORGANIZAÇÃO SOCIAL QUILOMBOLA SOB AS LENTES DA EDUCAÇÃO CRÍTICA
Resumo
Este artigo apresenta o potencial das teorias freirianas no processo de formação das entidades comunitárias quilombolas. De cunho qualitativo, o trabalho expressa as narrativas da liderança da Associação de Remanescentes de Quilombo Machadinha (ARQUIMA) e os registros de uma observação etnográfica. Inicialmente contextualizamos historicamente a origem dos quilombos, as intempéries do cenário escravista e seus reflexos no atual campo do direito. No segundo momento, promovemos um diálogo entre a educação crítica e a organização social que se pretenda participativa. Por fim, apresentamos as vivências da ARQUIMA, impregnada da Pedagogia da Autonomia. Concluímos que o texto possibilita reflexões para ao campo das políticas públicas e da educação, por apontar um caminho de inclusão e valorização da vida.
Palavras-chave: Comunidade de Remanescente de Quilombo; Educação Crítica; Organização Social.
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