EPISTEMOLOGIA DO LETRAMENTO DAS ÁGUAS

Palavras-chave: Cultura Ribeirinha. Cotidiano. Deslocamentos.

Resumo

O presente artigo tem como intencionalidade reverberar as vozes de homens, mulheres e crianças ribeirinhos, seus saberes, seu cotidiano produtor de cultura, a relação entre processos de escolarização e sua cultura vivida através dos deslocamentos dos letramentos social e escolar, constituindo-se no Letramento das águas. A etnografia foi a ancoragem metodológica utilizada nesta pesquisa e os resultados se deslocam para além da sala de aula, sendo possível verificar práticas e eventos de letramento, que se relacionam ao cotidiano dos moradores. Os estudos evidenciaram elementos da cultura ribeirinha sendo conectados nas relações escolares. Não há como letrar sem estes elementos culturais do cotidiano ribeirinho, sem que o letramento social não transborde na escola, sem reconhecer as diversas manifestações socioculturais e religiosas que dão forças para a vida comunitária e a sustentabilidade possível por entre experiências singulares. Assim, se faz relevante considerar sempre o ir e vir das águas, desobscurecendo a cultura vivida amazônica identificando-a nos discursos, nos currículos, minimizando a invisibilidade do povo das águas e todo seu potencial cultural. Um grito urgente, divulgar, anunciar e denunciar esta realidade de invisibilidade destes sábios senhores, senhoras e crianças que ficam a margem não somente dos rios, mas de seus direitos e dignidade.

Biografia do Autor

Marcia da Silva Carvalho, Universidade do Estado do Pará

Pedagoga. Mestre em Educação e Doutoranda em Educação. Universidade do Estado do Pará. 

Maria do Perpétuo Socorro Cardoso da Silva, Universidade do Estado do Pará

Licenciada em Letras. Mestre em Linguística e Doutora em Linguística. Universidade do Estado do Pará.

Referências

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Publicado
2020-09-14
Seção
Artigos