A FRONTEIRA DA COLONIZAÇÃO É UM PROJETO DE HOMENS EXECUTADO EM CORPOS FEMININOS

  • Rosane Duarte Rosa Seluchinesk Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Adriano Batista Castorino UFT

Resumo

A ocupação da Amazônia Matogrossense é palco para a história de mulheres indígenas, negras e brancas que vivem, assim como a natureza, num processo de continua degradação. Além desse traço de exploração continuada, as violências são sistematicamente silenciadas pelo acentuado poder institucionalizado dos exploradores, necessariamente homens e na sua quase totalidade brancos. Por isso, a violação da natureza e, por conseguinte, das mulheres são veladas ou escamoteadas pelo silencio, que no modelo de ocupação dessas paragens é quase um mantra. O silêncio é uma conduta moral que é imposta à continuidade como um código de vivência socialmente aceito. A metodologia desse trabalho é baseada em conversas, revisão de conceitos e escrita pessoal. As considerações que se pode chegar apontam que o silêncio das mulheres é a conduta que permite o domínio dos homens.

Biografia do Autor

Rosane Duarte Rosa Seluchinesk, Universidade do Estado de Mato Grosso
Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso (1993) e mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (1999) e Doutorado em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (2008). Atualmente é professor titular da Universidade do Estado de Mato Grosso. Tem experiência na área de estudos sobre colonização, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, educação, gestão e políticas públicas, formação de professores de Ciências Biológicas.
Adriano Batista Castorino, UFT
Possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Goiás (2004), mestrado em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (2011) e doutorado em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2014).

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Publicado
2016-09-29