OS INIMIGOS DO CURRÍCULO, A NATURALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA E OS EFEITOS DE UMA VIDA (NÃO) FASCISTA

  • Ederson Luís Silveira Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Resumo

O presente trabalho descritivo de cunho qualitativo visa trazer reflexões acerca da naturalização da violência, sobretudo no campo da cultura do estupro, e o fascismo na atualidade relacionando aquilo que Alfredo Veiga-Neto intitulou de os inimigos do currículo com reflexões que permitam traçar um diagnóstico do presente. Pensando no poder como um feixe de relações e o sujeito como dividido, inconcluso, Foucault apresentou ferramentas para que se pudesse exercer o pensamento não como busca de soluções, mas como forma de instaurar problematizações que possibilitem ver que o facismo diz respeito a todos os seres humanos e que pode se manifestar através de cada um de nós.

Biografia do Autor

Ederson Luís Silveira, Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Mestre e doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC; pós-graduando em Ontologia e Epistemologia, Membro pesquisador do Grupo Formação de Professores de Línguas e Literatura - FORPROLL/CNPq e do  Grupo de Estudos em Territorialidades da Infância e Formação Docente (GESTAR/CNPq). Têm interesse e formação no campo de estudos literários, linguísticos e filosóficos sobretudo em torno de autores como Bakhtin, Blanchot, Butler, Foucault, Lacan e Pêcheux.

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Publicado
2016-09-29