A QUESTÃO DO MAL EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS – UMA LEITURA À LUZ DA HERMENÊUTICA DE PAUL RICOEUR
Resumo
O presente artigo tem como objetivo estabelecer relações entre filosofia e literatura na busca por analisar a presença da questão do mal na obra Grande sertão: veredas (2015), do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967), tendo como base de interpretação a hermenêutica filosófica de Paul Ricoeur (1913-2005), mais especificamente a partir das obras: A simbólica do mal (2013) e O mal – um desafio à filosofia e à teologia (1988). Ambas se constituem em estudos hermenêuticos de Paul Ricoeur para compreender os símbolos do mal. Mediante uma antropologia filosófica, o hermeneuta francês discorre sobre como o ser humano é suscetível à possibilidade do mal, pois sentimentos como medo, culpa, pecado, por vezes dominam o imaginário, o agir e a natureza da vontade humana. Em Grande Sertão: veredas, o narrador o ex-jagunço Riobaldo, vulgo Tatarana, vulgo Urutu-branco, apresenta, já no início da narrativa, sua dúvida acerca da existência do diabo. Ele não questiona somente a existência de tal ser, mas também e principalmente o poder que ele tem, se ele é mesmo capaz, por exemplo, de tomar a alma das pessoas por meio de um pacto. Em contrapartida, para Riobaldo está clara a existência de Deus. A existência de Deus é certa para o sertanejo, pois é a fé e a confiança na bondade de Deus é que mantém o herói rosiano esperançoso por remissão.
Palavras-chave: Filosofia; Literatura; Grande sertão: veredas; O mal; A simbólica do mal.
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