CONTRIBUIÇÕES DA LITERATURA NEGRA BRASILEIRA DE AUTORIA DE MULHERES: INTERSECCIONALIDADE NO CONTO “ISALTINA CAMPO BELO”, DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Resumo
O texto literário possibilita refletir sobre o que se vive nas múltiplas relações estabelecidas por interação social. Entre a ficção e a realidade está a experiência com a leitura. Temos como objetivo analisar aspectos da interseccionalidade no conto “Isaltina Campo Belo”, de Conceição Evaristo (2016). Lançamos mão das contribuições de Simone de Beauvoir (1970), Kimberlé Crenshaw (2002), Patricia Hill Collins & Sirma Bilge (2021), Lélia González (1984; 1988b, 2021), e Pierre Bourdieu (2022) para que pudéssemos adentrar a interseccionalidade e a dominação masculina, em consonância com os temas que a obra analisada possibilita percorrer. Os autores Franco Junior (2003) e Wolfgang Iser (1999) contribuem com o elo da ficção com a realidade em perspectiva do ato necessário para a interação com o texto literário, que se traduz em leitura. Evidenciamos um percurso de ressignificação que ultrapassa as múltiplas opressões, em que a mulher negra assume a direção de suas escolhas, de seu posicionamento enquanto ser plural em sua singularidade. Este artigo também compartilha a construção de agências humanas contra-hegemônicas na literatura em questão, que atuam na emancipação das sujeitas e dos sujeitos.
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