TRABALHO DOMÉSTICO NÃO REMUNERADO NO BRASIL: AS INFLUÊNCIAS DO PATRIARCADO E CAPITALISMO SOB A ÓTICA TRABALHISTA

Palavras-chave: Atividades Servis. Patriarcado. Divisão Sexual do Trabalho. Anticapitalismo.

Resumo

O informe pretende analisar, a partir do contexto histórico e social brasileiro, a situação das mulheres frente ao trabalho doméstico, seja ele remunerado ou não. Ocorre que a prestação desse serviço reflete as heranças escravocratas e patriarcais, de maneira a ser viável a abordagem e aplicação das ideias que bell hooks trata em Teoria feminista: da margem ao centro. Na obra, a autora afirma que “o trabalho doméstico e as outras prestações de serviços são particularmente desvalorizados pelo patriarcado capitalista”, algo facilmente comprovável sob a ótica dos dados retratados através da pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que demonstra que, independente de raça ou classe social, são as mulheres que possuem as maiores taxas de realização de trabalho doméstico. Essa desigualdade explicitamente marcada por aspectos econômicos e sociológicos, conforme explica Silvia Federici em Calibã e a bruxa: Mulheres, corpos e acumulação primitiva, é justificada arbitrariamente pelo capitalismo quando o sistema inferioriza a natureza daqueles que explora. Em outras palavras, através da limitação das oportunidades de ingresso no mercado de trabalho e por meio do menosprezo das atividades servis, as atividades domésticas compõe um outro campo de opressão às mulheres.

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Biografia do Autor

Maria Clara Aguiar Silva, Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). 

Maria Augusta Figueiras Fagundes, Universidade Federal do Tocantins (UFT)

Graduanda em Direito pela Universidade Federal do Tocantins (UFT). 

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Publicado
2022-12-16
Como Citar
Aguiar Silva, M. C., & Figueiras Fagundes, M. A. (2022). TRABALHO DOMÉSTICO NÃO REMUNERADO NO BRASIL: AS INFLUÊNCIAS DO PATRIARCADO E CAPITALISMO SOB A ÓTICA TRABALHISTA . Revista Extensão, 6(2), 79-88. Recuperado de https://revista.unitins.br/index.php/extensao/article/view/6900