EXTENSÃO ACADÊMICA, CULTURA AFRO-BRASILEIRA E ENSINO DE HISTÓRIA INTERAÇÕES ÉTICAS E ESTÉTICAS DE UMA EXPERIÊNCIA SERTANEJA
Resumo
Este texto discute o desenvolvimento do Grupo de Cultura Negra do Sertão Abí Axé Egbé, com sede no Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Inicialmente formatado como um projeto de extensão universitária, atualmente conta com um grupo artístico e configura-se Equipamento Cultural dessa universidade, ao articular Ensino, Pesquisa e Extensão em torno de questões étnicas no sertão alagoano. Descrevemos e analisamos 44 narrativas produzidas por integrantes do grupo entre 2015 e 2018, tomando a noção de discurso como uma prática política pela significação das subjetividades, práticas e experiências sociais que situam os sujeitos (FOUCAULT, 2012, 2014). Além disso, discutimos a presença negra no sertão alagoano como um ato político que recria um espaço para visibilizar sua presença historicamente negada. Consideramos que as subjetividades se caracterizam por aberturas e movimentos de significação (FOUCAULT, 1979, 1984, 1985, 2011) e que os processos formativos promovidos no Abí Axé Egbé têm subjetivado e deslocado discursos e práticas dos sertanejos, reorientando-os politicamente a partir de critérios étnicos. Conforme as narrativas analisadas, compreendemos que o grupo tem promovido experiências estéticas (OLIVEIRA, 2011) que contribuem para a subjetivação de valores éticos antirracistas, tomando a extensão universitária como cultura, prática e compromisso político-científico da universidade em prol de democratizar a produção do conhecimento junto à sociedade, transformando-a segundo princípios emancipatórios (PAULA, 2013).
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Referências
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