Humanidades & Inovação

EXPEDIENTE

Leonardo Lamim Furtado — 2025-11-28

EDITORIAL

José Carlos de Melo — 2025-11-28

A proposta deste dossiê é explorar a conceituação de liderança na área de educação, procurando demarcar as especificidades dessa prática social e, portanto, da natureza do papel exercido por profissionais que ocupam o lugar de gestores(as), podendo ser designados estatutariamente como líderes de equipes em instituições educacionais. Para início de conversa, cabem alguns importantes esclarecimentos sobre questões de ordem terminológica, funcional e, principalmente, conceitual, do modo como procuramos conceber neste volume da Revista.

A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DE PROFISSIONAIS DA SUPERVISÃO ESCOLAR PAULISTANA

Orgides Maria da Silva Neta — 2025-11-28

Este artigo deriva de uma pesquisa que teve como objeto de análise a construção identitária de supervisores escolares da Rede Municipal de Ensino de São Paulo. Com base em uma abordagem qualitativa (Lankshear; Knobel, 2008) e sustentação teórico-argumentativa em escritos de autores como John Dewey, João Formosinho, Júlia Oliveira-Formosinho, Maurice Tardif, Claude Dubar e Paulo Freire, buscou-se compreender como se constituem os saberes, as práticas e as percepções desses profissionais, considerando suas trajetórias formativas, o exercício cotidiano na profissão e os sentidos atribuídos à sua atuação político-pedagógica. A produção dos dados envolveu análise documental, realização de sessões de grupo focal e entrevistas com dez supervisores escolares. Os resultados revelam que esses profissionais enfrentam desafios complexos, evidenciando-se dissonâncias entre o perfil institucionalmente esperado, a formação efetivamente oferecida e as exigências concretas da prática cotidiana. Houve relatos de sentimentos de despreparo ao ingressar no cargo e indicações da necessidade constante de conciliar as demandas burocráticas com as dimensões pedagógicas do trabalho, o que demonstra que a(s) identidade(s) desse segmento encontra(m)-se em processo contínuo de construção, marcada(s) por experiências anteriores e tensionadas por resistências institucionais e pressões externas. Ainda que atravessados por tarefas administrativas que, por vezes, obscurecem sua função pedagógica, esses profissionais reconhecem na Supervisão Escolar um potencial formativo e transformador. Reivindicam, assim, espaços de atuação mais dialógicos e democráticos, nos quais possam exercer plenamente o papel político que compreendem como intrínseco à função, apostando na construção de coletivos capazes de fomentar políticas públicas mais justas e efetivas para a educação.

ENTRELINHAS DA ARTICULAÇÃO EDUCACIONAL: A ESCOLA EM DIÁLOGO COM OS SISTEMAS FORMAIS

Benedita Maria Azevedo Martins — 2025-11-28

Este ensaio teórico tem como propósito investigar as contribuições da direção escolar e da coordenação pedagógica no âmbito das instituições públicas de ensino, com ênfase na articulação com os órgãos centrais dos sistemas educacionais. A análise respaldada em referenciais como Paro, Lück e Alarcão, evidencia que esses profissionais atuam como mediadores entre as políticas públicas e as práticas pedagógicas cotidianas, enfrentando desafios ligados à implementação de currículos, aos processos avaliativos e à formação continuada dos docentes. Os resultados da reflexão indicam que uma ação articulada entre escola e instâncias superiores potencializa a gestão democrática, fortalece a autonomia pedagógica e contribui para a elevação da qualidade educacional. Destaca-se, portanto, a necessidade de uma formação crítica e permanente dos gestores escolares, como condição para consolidar processos interinstitucionais eficazes.

GESTÃO NO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: QUADROS FUNCIONAIS, LIDERANÇAS E ARTICULAÇÕES

Valdete Côco — 2025-11-28

Na pauta do desenvolvimento da Educação Infantil (EI), aborda-se a gestão, considerando a dialogia entre as equipes das secretarias municipais de educação e das instituições que atendem as crianças, de modo a focalizar a composição dos quadros funcionais. Na conexão entre ações de pesquisa e de formação, exploram-se dados referentes à EI, de 55 municípios capixabas. Com pressupostos teórico-metodológicos bakhtinianos, aponta-se para uma dialogia intensa, envolvendo questões ligadas ao provimento dos quadros funcionais e à organização do trabalho educativo, como expressão da emergência dos muitos – e diversos – dizeres que instam comprometimentos com a EI. Com isso, é possível incluir, na configuração do atendimento na EI, esforços organizativos referentes aos processos de gestão, notadamente, na composição de quadros funcionais. Nesse âmbito, ainda que se evidencie reinvindicações de várias ordens, está se construindo – com diferentes (até mesmo, contrastantes) abordagens e formas de conceber o papel da EI – um percurso de fortalecimento da mediação pedagógica, dos vínculos entre as equipes e do reconhecimento do direito à educação das crianças e suas famílias.

A GESTÃO DAS EFAs A PARTIR DA ATUAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES MANTENEDORAS: UM ESTUDO NAS ESCOLAS FAMÍLIAS AGRÍCOLAS DO MUNICÍPIO DE MAZAGÃO, AMAPÁ

Lenize Santos da Silva — 2025-11-28

O artigo analisa a atuação das associações mantenedoras na gestão das Escolas Famílias Agrícolas do município de Mazagão, Amapá, com foco na dimensão pedagógica, administrativa e financeira. O estudo parte da compreensão de que essas associações exercem papel central na efetivação da Pedagogia da Alternância e na sustentação do projeto educativo comunitário. A pesquisa adota abordagem qualitativa, realizou entrevistas semiestruturadas realizadas com presidentes, membros de diretoria e coordenadoras pedagógicas de duas EFAs. A análise de conteúdo evidenciou que a atuação das associações é marcada tanto por práticas democráticas e compromisso territorial quanto por desafios relacionados à autonomia, infraestrutura e comunicação interna. Conclui-se que a gestão compartilhada nas EFAs depende da corresponsabilidade entre associação, equipe pedagógica e comunidade, sendo fundamental para fortalecer a identidade da escola do campo na Amazônia.

LIDERANÇA PEDAGÓGICA, MOBILIDADE URBANA E DIREITO À CIDADE: ARTICULAÇÕES PARA A CIDADANIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Isabella Mayara Abreu da Hora — 2025-11-28

Este artigo investiga como a liderança pedagógica pode ampliar a presença dos temas mobilidade urbana, direito à cidade, participação social e inclusão nas práticas curriculares da educação básica brasileira. Parte-se da concepção de currículo como território em disputa, onde saberes hegemônicos competem com demandas de justiça social. Foi realizada uma revisão sistemática de literatura (2013–2024) nas bases Web of Science e Scopus, complementada por obras clássicas sobre liderança educacional e justiça urbana. Após critérios de inclusão, 42 estudos foram analisados tematicamente. Os resultados indicam que: lideranças escolares, com foco em justiça social, favorecem a integração de conteúdos urbanos ao planejamento docente; lacunas de formação e pressões avaliativas dificultam essa transversalidade; projetos que articulam cartografias escolares, acessibilidade e parcerias intersetoriais favorecem aprendizagens contextualizadas. Propõe-se um quadro de ações estratégicas para gestores escolares. Conclui-se que a liderança pedagógica voltada à justiça urbana é essencial para democratizar a escola e a cidade.

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA COMO LIDERANÇA EDUCACIONAL NA REDE ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DO TOCANTINS: CONCEPÇÕES, ATRIBUIÇÕES LEGAIS, DESAFIOS DA PRÁTICA E POSSIBILIDADES

Ilda Neta Silva de Almeida — 2025-11-28

Este artigo analisa a coordenação pedagógica como liderança na rede estadual de educação do Tocantins, abordando suas concepções, atribuições legais, desafios e possibilidades. A escolha do tema baseia-se na vivência dos(as) autores(as) como coordenadores(as), que percebem tensões entre as normativas e a prática cotidiana. De natureza qualitativa e bibliográfica, a pesquisa fundamenta-se em documentos oficiais e autores da área da gestão e prática pedagógica. Os resultados apontam que, embora as funções institucionais estejam definidas, a complexidade do ambiente escolar e a sobrecarga de demandas dificultam uma atuação significativa e plena, entretanto processualmente está se consolidando perspectivas de possíveis melhorias e aprimoramento das atribuições do coordenador pedagógico. Nesse sentido conclui-se que a coordenação pedagógica tem papel essencial na articulação dos sujeitos, saberes e processos formativos. Ressalta-se que essa liderança exige apoio institucional, fortalecimento da cooperação entre os segmentos escolares e aprimoramento dos processos organizacionais, a fim de potencializar sua contribuição para a transformação da prática educativa.

ENTRE POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES: PERCEPÇÕES DE COORDENADORES ESCOLARES SOBRE SUAS ATRIBUIÇÕES NO CARGO

Daniel Braga — 2025-11-28

A coordenação escolar na rede estadual de ensino público do Ceará é uma função multidimensional e multitarefa. A atuação no cargo é fundamentada por normativas estaduais e diretrizes institucionais da Secretaria da Educação do Estado do Ceará. Esta pesquisa analisou as percepções de sete coordenadores escolares sobre suas atribuições mais recorrentes, os fatores que as potencializam e os que as fragilizam. Para isso, utilizou-se de levantamento bibliográfico, análise documental, questionário online e entrevista semiestruturada. Os dados, analisados qualitativamente, indicam que as atividades mais frequentes se alinham à Matriz de Competências do Coordenador Escolar. Contudo, os participantes apontaram a presença de atribuições não previstas no documento, muitas vezes não pedagógicas, que comprometem a atuação na dimensão pedagógica. Entre os fatores que fortalecem o trabalho, destacam-se o apoio entre os pares, o foco pedagógico e um clima escolar colaborativo, elementos que favorecem o desenvolvimento do trabalho no cargo.

UMA LEITURA FILOSÓFICA NO DECRETO N° 273/2023 SOBRE AS ELEIÇÕES DE PLANO DE GESTÃO ESCOLAR NA REDE ESTADUAL DE SANTA CATARINA DE (2023-2027)

José Antunes de Souza Pomiecinski — 2025-11-28

Com base em uma leitura filosófica, este trabalho quer refletir sobre o Decreto n° 273 de 12 de setembro de 2023 que trata sobre o processo de eleição para os Planos de Gestão Escolar (PGE) na rede estadual de Santa Catarina. Traz três pontos chaves: 1) a participação democrática com limites estruturais, isto é, professores, pais e estudantes, porém se não atingir quórum a nomeação será realizada pelo governo; 2) valorização do planejamento escolar e autonomia pedagógica, o plano deve contemplar o atendimento de metas e estimular a pertença ética, técnica e coletiva e 3) controle por indicadores de responsabilização da gestão, por meio da avaliação semestral os indicadores de desempenho balizarão a aplicação dos PGE eleitos. Ainda trata dos requisitos necessários para candidatura: ser servidor efetivo com estágio homologado, a submissão de um PGE à Coordenadoria Regional, não estar concorrendo a um terceiro mandato.

A EQUIPE GESTORA COMO POTENCIALIZADORA DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS SIGNIFICATIVAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Aline Aparecida da Silva — 2025-11-28

FORMAÇÃO DOCENTE E LIDERANÇA NA INFÂNCIA: ESCUTA, PROTAGONISMO E INTERCULTURALIDADE

Angela do Céu Ubaiara Brito — 2025-11-28

O trabalho analisa criticamente o curso “Formação do Educador da Infância com enfoque no protagonismo, a BNCC e o brincar da criança”, destacando sua contribuição para a gestão e liderança educacional na educação infantil. A pesquisa adota abordagem qualitativa e utiliza análise documental de relatórios produzidos por docentes participantes. A discussão evidencia como o curso promove práticas pedagógicas centradas na escuta ativa, na valorização da cultura infantil e na liderança democrática. Os resultados apontam transformações significativas nas concepções dos professores sobre infância, gestão e protagonismo, revelando uma atuação mais sensível, colaborativa e contextualizada. Conclui-se que a formação fortalece a liderança educacional como prática ética e transformadora, articulando teoria e prática na construção de ambientes inclusivos e participativos.

OS MECANISMOS DO PROCESSO DE ESCOLHAS DE GESTORES/AS NAS ESCOLAS PÚBLICAS: UMA LEITURA VIA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

José Francisco Rocha Simão — 2025-11-28

O processo de escolha de gestores/as escolares em unidades públicas é necessário, tal processo deve ser organizado por meio de critérios democráticos e especificações técnicas previstas em edital público, no qual, a comunidade escolar manifesta sua vontade de forma popular. O objetivo tem o viés de investigar os mecanismos da escolha de diretores/as das escolas públicas no aspecto legislação educacional. Trata-se de uma pesquisa de cunho metodológico, baseada em análise documental e bibliográfica, abordando a gestão democrática que deve ser seguida pelos sistemas de ensino. Neste percurso, a Constituição Federal de 1988 traz, no artigo 206, inciso VI, a questão da gestão democrática no sistema de público de ensino. A Lei de Diretrizes e bases (LDB), de 1996, no artigo 3, inciso VIII, especifica necessidade a gestão democrática nas escolas na forma da lei nos entes federativos. No entanto, os mecanismos de escolha se encontram ainda influenciados por arranjos de gestores públicos e questões políticas. Nesse sentido, não se cumpri o que determina a legislação educacional.

CONSTRUINDO COERÊNCIA: A INOVAÇÃO E A LIDERANÇA PEDAGÓGICA NOS MODOS DE FAZER DE UMA COORDENADORA PEDAGÓGICA DO OBECI

Paulo Fochi — 2025-11-28

O artigo apresenta aspectos do modo de atuação da coordenadora pedagógica Cristiane, na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Pica-Pau Amarelo, escola integrante do Observatório da Cultura Infantil - OBECI, buscando compreender como sua liderança sustenta processos formativos e impulsiona a inovação no cotidiano escolar. A pesquisa qualitativa foi realizada por meio de um estudo de caso e utilizou entrevistas, observações, notas de campo e análise de documentos. A partir da triangulação dos dados, identificaram-se práticas pedagógicas que articulam documentação pedagógica e desenvolvimento profissional docente. A análise revelou que a coordenadora atua estrategicamente na criação de ambientes colaborativos, no aprofundamento da aprendizagem e na promoção de estratégias pedagógicas inovadoras. Conclui-se que sua liderança favorece a transformação das práticas educativas e pode inspirar outros contextos que desejam fortalecer a formação em serviço e a cultura pedagógica da escola.

CURRÍCULO E EDUCAÇÃO INFANTIL: ANÁLISE DAS ATRIBUIÇÕES DE GESTORES EM DOIS MUNICÍPIOS DO INTERIOR DE SÃO PAULO

Edison Trombeta de Oliveira — 2025-11-28

Este estudo tem como intuito analisar os documentos oficiais que norteiam a atuação dos gestores escolares (diretor de escola e coordenador pedagógico) na implementação do currículo escolar na educação infantil. A intenção é descrever a ação desses profissionais na política curricular, com foco em documentos oficiais de dois municípios do interior de São Paulo: Votorantim e Sorocaba. Trata-se da análise das súmulas de atribuições dos cargos de gestão em ambos os municípios à luz da revisão bibliográfica e documental de cunho qualitativo. Baseia-se em um estudo de dados comparativos em torno das súmulas de atribuições no que diz respeito à atuação dos gestores escolares frente à implementação do currículo. Para tanto, será feita uma análise epistemológica do Currículo e uma conceitualização do currículo da Educação Infantil, com base na legislação. Como resultado, a análise comparativa das súmulas de atribuições dos cargos nos municípios constata a relevância da atuação dos gestores diante da promoção da qualidade em educação no contexto municipal, mediante sua representatividade na implementação do Currículo.

TRAÇOS EMERGENTES DA GESTÃO INTEGRAL E SABERES DO GESTOR DE GENTES NA DIREÇÃO ESCOLAR: O CLIMA INSTITUCIONAL EM TEMPOS ORÇAMENTÁRIOS NUMA UNIDADE ESCOLAR FILANTRÓPICA

Marcos Epifanio Barbosa Lima — 2025-11-28

Tecendo analogias da metáfora do equilibrista de pratos com a direção escolar, o presente relato tem como intencionalidade compartilhar passos de ação estratégica da gestão integral que constitui e é constituída pelo gestor de gentes. Visa-se ajudar na análise quanto à possível distensão – e muitos outros sentimentos/sensações que afloram – em tempos de montagem orçamentária periódica que engloba dois mundos do universo escolar: o pedagógico e o administrativo. No texto, evidencia-se como o líder-gestor é chamado a fomentar o equilíbrio de forças ao estimular empoderamentos, aclaramentos, acompanhamentos e tomadas de decisão entre as partes por meio de apropriações quanto à construção de uma equipe tático-operacional – Equipe TOP –, quanto à utilização de árvore de centros de custos, quanto a ponderações assertivas em momento prévio aos gastos orçamentários, quanto à consideração de custos fixos incorporados e quanto à consignas que facilitam a alocação de recursos de modo dialógico e consciente.

ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA E O BARROCO MINEIRO: UM RECURSO DIDÁTICO ACESSÍVEL, UM E-BOOK EM MULTIFORMATO

Alessandra Furtado de Oliveira — 2025-11-28

O estudo aborda a criação de um e-book em multiformato sobre Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho), com o objetivo de tornar o conhecimento histórico e cultural acessível a diferentes públicos. A pesquisa demonstra a eficiência da produção de materiais acessíveis por meio da integração de audiodescrição, legendas e textos alternativos, garantindo a inclusão de pessoas com deficiência. A metodologia baseia-se em uma revisão bibliográfica narrativa para identificar e aplicar diretrizes de acessibilidade digital. Durante a confecção do e-book, recursos tecnológicos foram incorporados para garantir a acessibilidade de leitores com deficiência visual e auditiva. Os resultados destacam a importância do acesso equitativo à literatura infantil e ao aprendizado da História, evidenciando o impacto positivo das tecnologias assistivas na educação. O estudo conclui que a criação de materiais acessíveis fortalece a inclusão no ambiente escolar e reafirma o direito de todos à informação e ao conhecimento.

A MENINA, A JANELA E O MUNDO: UMA LEITURA SIMBÓLICA E FORMATIVA A PARTIR DA LITERATURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA

Ivone Gomes de Assis — 2025-11-28

O conto infantil “A menina que abriu a janela”, de Fernanda Resende, configura-se como uma narrativa envolvente e formativa dentro do universo da literatura infantil contemporânea, no estilo literário maravilhoso. A obra apoia-se em pilares teóricos do gênero, além de evocar elementos simbólicos e estruturais típicos dos contos clássicos. Por meio de uma protagonista que se mostra introspectiva, de uma linguagem poética e de elementos simbólicos construídos, a história aborda temas como medo, aceitação, coragem e pertencimento, sob o viés da imigração. A obra propõe uma experiência estética sensível, em que fantasia e realidade se entrelaçam para revelar os dilemas internos da infância. Ao abordar a diversidade de forma sutil e afetiva, o conto promove empatia e convida à valorização das singularidades. A metáfora da janela amplia-se como um símbolo de transformação pessoal e reconexão com as raízes culturais. Nesse contexto, o livro vai além do entretenimento, ele também educa para o afeto, a memória e o respeito às diferenças.

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS SURDAS: EXPERIÊNCIAS LITERÁRIAS NO AMBIENTE DOMÉSTICO

Tatiane Folchini dos Reis — 2025-11-28

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre práticas literárias voltadas a crianças surdas, com ênfase na mediação familiar. Para tanto, metodologicamente, foram selecionados vídeos e postagens do canal “Diário de Fiorella”, analisados a partir da perspectiva teórica dos Estudos Culturais e dos Estudos Surdos. As análises organizaram-se a partir de dois eixos: Os materiais de leitura empregados nas atividades de letramento literário, considerando a variedade de suportes e gêneros acessíveis que compõem o repertório literário da Fiorella; O papel da língua de sinais nos processos de letramento literário. Os resultados apontaram que os materiais analisados evidenciam uma valorização do livro impresso como suporte privilegiado desde a primeira infância, destacando-se o cuidado dos pais em proporcionar, a Fiorella e a sua irmã, o contato com a leitura. Além disso, evidenciam que a língua de sinais exerce um papel central nas práticas de letramento, funcionando como o principal recurso de mediação.

TRADUÇÃO LITERÁRIA E LIBRAS: A EXTENSÃO EM PROL DA FORMAÇÃO EM COMPETÊNCIAS EXTRALINGUÍSTICAS

Michelle Duarte da Silva Schlemper — 2025-11-28

Este artigo analisa a formação de tradutores literários no par linguístico Libras-Português, com base na didática da tradução, na formação por competências e na perspectiva dialógica do discurso. Observa-se que os currículos dos cursos de Letras Libras priorizam aspectos linguísticos e negligenciam o desenvolvimento de competências extralinguísticas essenciais à tradução literária. O estudo utiliza revisão de literatura e abordagem qualitativa descritiva com relatos de experiência de discentes e da coordenadora do projeto de extensão "Cada encontro eu conto um conto". Os resultados indicam que práticas extensionistas, aliadas a feedbacks de tradutores experientes e de pessoas surdas, favorecem o desenvolvimento de competências extralinguísticas, fundamentais à atuação profissional no campo da tradução literária. Conclui-se que os cursos de Letras Libras devem fomentar experiências práticas que integrem ensino e formação tradutória por meio de projetos de extensão.

PUBLICAÇÃO PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES COMPLEXAS DE COMUNICAÇÃO COM BASE NO DESIGN UNIVERSAL

Izadora Merlo do Canto — 2025-11-28

Este artigo apresenta o desenvolvimento de um livro infantil acessível para crianças com necessidades complexas de comunicação em fase de alfabetização, fundamentado nos princípios do design universal. A pesquisa configura-se como um estudo de caso, conduzido com base no método de projeto Design Thinking e na estrutura do “Duplo Diamante”, aplicada em quatro etapas: descoberta, definição, desenvolvimento e entrega. Foram realizadas entrevistas com responsáveis por crianças pertencentes ao público-alvo e consulta a especialistas em Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA). O processo resultou em um protótipo de alta fidelidade, testado com usuários, validando a eficácia do design na promoção da inclusão e da comunicação acessível. Os resultados demonstram a viabilidade de criar produtos editoriais inclusivos de baixo custo e alto impacto social, contribuindo para a ampliação de materiais literários acessíveis no Brasil.

ANÁLISE COMPARATIVA PARA A CRIAÇÃO DE LIVROS DIGITAIS MULTIFORMATO

Eduarda Rodrigues Moreira — 2025-11-28

A literatura exerce papel fundamental na formação de leitores, no estímulo à imaginação e no desenvolvimento cognitivo e emocional. Contudo, existem diversas barreiras no acesso à leitura por pessoas com deficiência ou necessidades complexas de comunicação. Este trabalho investiga livros multiformato por meio da análise de plataformas digitais voltadas à criação e à disponibilização de obras em diferentes formatos, com recursos de acessibilidade. A pesquisa, de caráter bibliográfico, aborda conceitos de livros multiformato, ferramentas acessíveis e o perfil de leitores com deficiência. Foram analisadas quatro plataformas online que permitem criar e/ou adaptar livros digitais com elementos acessíveis, favorecendo a leitura inclusiva por múltiplos modos de comunicação. A partir da análise de similares, identificaram-se as possibilidades oferecidas por essas plataformas e propusera-se parâmetros que orientassem a produção de livros digitais acessíveis. O estudo visou a contribuir para o desenvolvimento de soluções editoriais inclusivas, capazes de atender à diversidade de leitores no ambiente digital.

HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS PEQUENAS: A LITERATURA INFANTIL ACESSÍVEL E O ENCANTAMENTO DOS MULTIFORMATOS

Mariana Mu Nichimura Romeiro — 2025-11-28

A literatura infantil é uma fonte de encantamento para crianças bem pequenas. Com base nas vivências em uma escola de Educação Infantil do município de Porto Alegre, desenvolveu-se um trabalho com um grupo de Maternal 2, composto por crianças provenientes de diferentes contextos culturais, línguas e possibilidades de acesso às histórias. A turma, integrada por infantes de três países distintos, teve contato com narrativas em multiformatos. Alguns autores, como Freitas e Werner (2022) e Caldin, Polatto e Corniglia (2024), são referências para pensar e sustentar a utilização de livros em multiformatos no campo das Tecnologias Assistivas. A partir dos livros desenvolvidos pelo grupo Multi/UFRGS, evidenciou-se a viabilidade de práticas de leitura acessíveis para crianças pequenas. Durante o projeto, observou-se o intenso envolvimento das crianças nos momentos literários, o que inspirou a criação de histórias em Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA), destacando o protagonismo infantil nas produções. A ampliação do repertório visual e do vocabulário, assim como a interação das crianças com a literatura infantil configuraram-se como marcos significativos para o seu desenvolvimento integral.

DESIGN DO LIVRO INFANTIL COM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA (CAA)

Graziele Borguetto — 2025-11-28

Este artigo apresenta uma análise sistematizada das características editoriais da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) em livros infantis impressos, com foco nas estruturas simbólicas, na disposição dos elementos gráficos e textuais, e nos aspectos compositivos que influenciam a acessibilidade comunicativa. A pesquisa examina 17 livros voltados ao público infantil, especialmente a crianças com necessidades complexas de comunicação (NCC). A partir da sistematização dos dados, a fim de proporcionar maior legibilidade e leiturabilidade, e considerando as especificidades cognitivas e comunicativas do público-alvo, propõem-se as seguintes recomendações de design editorial, em quatro grupos temáticos: estrutura do livro (formato, capa, miolo, encadernação); cor e contraste; texto (composição textual, relação entre símbolo e texto, tipografia, posição do texto); e aplicação da CAA (sistema de símbolos, estilo dos símbolos, tamanho dos símbolos, contorno da unidade e cor dos símbolos, fonte da legenda, posição da legenda, quantidade por linha e página e espaçamento).

LIVROS INFANTIS EM LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE PREVENÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS: UMA ANÁLISE DA ACESSIBILIDADE POR JUÍZAS ESPECIALISTAS

Maria Faria — 2025-11-28

A literatura infantil é uma estratégia poderosa para promover a conscientização e a aquisição de habilidades de autoproteção em crianças. Considerando o grande risco de crianças com deficiência serem vítimas de violência sexual, este estudo quantitativo descritivo avaliou a acessibilidade de 21 livros infantis em língua portuguesa voltados para a prevenção da violência sexual contra crianças. Esses livros foram analisados por juízas especialistas, utilizando um instrumento autoadministrado. Os resultados evidenciaram que, dentre as estratégias, técnicas e recursos de comunicação aumentativa e alternativa utilizados, 13 livros usaram a escrita simples de forma total e, seis, o texto aumentado, total ou parcialmente. Não foi encontrado nenhum livro infantil multiformato sobre o tema na amostra estudada. As conclusões sublinham a importância e necessidade de os editores e autores investirem no desenvolvimento e na produção de livros infantis multiformato para apoiar a prevenção e a proteção de crianças com deficiência contra a violência sexual.

ATÍPICO É AQUELE QUE NÃO LÊ: O LIVRO MULTIFORMATO NO CONTEXTO DA ACESSIBILIDADE

Delcio Antônio Agliardi — 2025-11-28

Este trabalho tem como objetivo refletir acerca da produção, difusão e recepção de livros literários ilustrados em multiformato, com ênfase na audiodescrição e pictogramas como elementos de acessibilidade que respondem a uma exigência político-pedagógica, ética e estética, na promoção de processos de inclusão e equidade para criança com deficiência e a criança autista. O referencial teórico-metodológico fundamenta-se na Teoria Histórico-Cultural, especialmente nos estudos de Vigotski (2021a, 2021b), na Filosofia da Linguagem de Bakhtin (2011), na literatura como um bem incompressível (Candido, 2011) e no acesso ao livro e à leitura (Lajolo e Zilberman, 1996). Expressamos as conclusões deste estudo a partir dos seguintes enunciados: todo ser humano é um ser de linguagem, não limitada à fala; a deficiência ou necessidade comunicativa complexa não inviabiliza a experiência de leitura literária; a insuficiente produção e a baixa circulação de livros literários em linguagem pictográfica e audiodescrição, configura-se em barreiras à acessibilidade aos bens imateriais e culturais.

LITERATURA INFANTIL EM MULTIFORMATO: MUSEU DA SEDA DA APPACDM DE CASTELO BRANCO

Célia Maria Adão de Oliveira Aguiar de Sousa — 2025-11-28

Este trabalho propõe uma reflexão acerca de como o património pode ser comunicado para todos dentro e fora do espaço físico do museu, tendo como princípio a equidade, de forma a sensibilizar para a diversidade humana, através da comunicação para todos. Para tal, fundamenta-se nos conceitos de Desenho Universal, equidade e diferentes formatos de comunicação, relacionando-os com a nova definição de Museus pelo Conselho Internacional de Museus. Os resultados que ora se apresentam evidenciam que a comunicação multiformato auxilia na comunicação do património, podendo ser utilizado de muitas formas, consoante ao objetivo que se pretende atingir. Observa-se a sensibilização de todos para a aprendizagem acerca da diversidade humana, bem como do entendimento do conceito de “para todos”. A criação de um livro infantil multiformato é o corolário de todo o trabalho desenvolvido no Museu da Seda para que seja acessível “para todos”, com particular atenção para as crianças.

LITERATURA INFANTIL ACESSÍVEL: RELATO DA CRIAÇÃO DE UM LIVRO MULTIFORMATO COM COMUNICAÇÃO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA

Miryam Bonadiu Pelosi — 2025-11-28

This article presents an experience report on the creation of the accessible children's book O Dia Mágico do Pipo, developed for children with Complex Communication Needs (CCN), integrating resources of Augmentative and Alternative Communication (AAC). The material was structured as a multi-format book, featuring simple writing, pictographic symbols, enlarged uppercase text, images with accessible design, customized communication boards on each page, and QR Codes with guidance on how to use them. The book’s narrative and graphic organization supports strategies such as modeling, scaffolding, and graduated support, promoting the child’s active participation during reading. The final product represents an innovative contribution to accessible children's literature by expanding access and participation of children with CCN in educational, therapeutic, and family contexts.

PROJETO ESCOLA DE LÍDERES: VIVÊNCIAS CARTOGRÁFICAS E DESLOCAMENTOS CURRICULARES

Isaías dos Santos Ildebrand — 2025-11-28

O estudo analisa, sob perspectiva pós-crítica, as vivências de liderança, empatia e participação democrática no Projeto Escola de Líderes, desenvolvido com uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental em uma escola pública do RS. O objetivo foi compreender como práticas situadas de liderança infantil mobilizam e tensionam as competências gerais previstas na BNCC. Adotou-se a cartografia como procedimento para acompanhar processos, registrar narrativas e articular episódios-chave, como a organização da sala, a mediação de conflitos e a articulação com a comunidade. As discussões evidenciam que a liderança, quando vivida por crianças em processos democráticos, amplia possibilidades de participação e ressignifica competências curriculares, integrando saberes escolares e experiências comunitárias. Conclui-se que a proposta contribuiu para a construção de práticas escolares mais democráticas e inventivas, com potencial de replicabilidade e impacto formativo no desenvolvimento infantil e na cultura escolar.

MULHERES INSERIDAS EM CARGOS DE LIDERANÇA NAS COOPERATIVAS: O DESAFIO DA INCLUSÃO E O PAPEL DA EDUCAÇÃO COOPERATIVISTA

Palloma Rosa Ferreira — 2025-11-28

As desigualdades de gênero se manifestam em diversos contextos da sociedade, inclusive no mundo do trabalho, sendo que as mulheres, ao longo da história e ainda na contemporaneidade, enfrentam obstáculos para acessar e permanecer em posições de liderança. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo analisar a inserção das mulheres em cargos de liderança no âmbito das cooperativas. Dentre os procedimentos metodológicos foram realizados pesquisa documental, complementada por pesquisa bibliográfica. Os resultados indicam a hegemonia da presença masculina entre os cooperados, sobretudo nos cargos de direção, evidenciando uma desigualdade estrutural que limita a ascensão das mulheres a posições de comando. Destaca-se o papel estratégico da educação cooperativista como instrumento fundamental para a formação crítica e o fortalecimento do protagonismo feminino nas cooperativas. A presença feminina em cargos hierárquicos superiores nas cooperativas, ainda é limitada, exigindo esforços contínuos de formação, sensibilização e promoção de políticas afirmativas no âmbito do cooperativismo.

PSICOLOGIA E TECNOLOGIAS DIGITAIS NO CUIDADO DE PESSOAS COM DOENÇA DE ALZHEIMER: INTEGRAÇÃO DE FERRAMENTAS DIGITAIS NAS INTERVENÇÕES PSICOLÓGICAS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Helda Regina Medrado Araujo — 2025-11-28

O presente trabalho trata-se de uma revisão integrativa da literatura que analisa a crescente inserção de tecnologias digitais em intervenções psicológicas para pacientes com Doença de Alzheimer (DA). O principal objetivo foi identificar os benefícios, desafios e tendências dessa prática clínica, com ênfase na viabilidade de sua implementação no Sistema Único de Saúde (SUS). A metodologia incluiu estudos publicados entre 2017 e 2025 em bases de dados como PubMed e SciELO, e os resultados revelaram um crescimento exponencial de publicações na área, com predominância de ensaios clínicos. As intervenções digitais mostraram-se promissoras, com destaque para a eficácia de aplicativos de estimulação cognitiva e o impacto positivo na redução do estresse em cuidadores. Apesar dos benefícios, a pesquisa aponta desafios éticos e práticos para a implementação no SUS, como a necessidade de validação externa das tecnologias e a superação da barreira digital. Em conclusão, a psicologia digital oferece uma oportunidade única para democratizar o acesso a cuidados especializados no Brasil. No entanto, sua viabilidade em larga escala depende da superação desses desafios, exigindo colaboração entre pesquisa, desenvolvimento tecnológico e políticas de saúde pública.

DE PROFESSOR PARA PROFESSOR, O JEITO UNIBALSAS DE ENSINAR E APRENDER

Camila Sousa da Silva — 2025-11-28

O objetivo deste relato de experiência é analisar a vivência realizada durante o planejamento pedagógico de uma instituição de educação superior localizada no sul do Maranhão, o Centro Universitário de Balsas – Unibalsas. Possui abordagem qualitativa e constituiu-se como um processo descritivo e analítico. Seguindo a Análise de Conteúdo de documentos, utilizou-se do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) e experiências dos professores da Unibalsas. Os resultados apontam a concretização de um planejamento baseado em princípios políticos, éticos, filosóficos e pedagógicos, que condizem com uma perspectiva didática de qualificação da atuação colaborativa de docentes. Constatamos que a socialização das experiências pedagógicas contribui para a formação e a compreensão de novos encaminhamentos que, na atuação coletiva e colaborativa, favorecem a construção de princípios e o cultivo de valores que desencadeiam movimentos de superação de modelos individualistas e práticas de abordagens fragmentadas.