TRANÇANDO AS TRAVESSIAS: DE CORPOS, DAS ÁGUAS E DE JOGOS

Resumo

A partir deste texto, de conversações e de compartilhamentos constituídos entre membros da equipe de curadoria - composta por Emerson Dindo, Emilly Chaves e Glauco B. Ferreira - se trança a elaboração de um jogo-curatorial-artístico idealizado para meio digital, em aproximação de obras propostas pelas artistas Castiel Vitorino Brasileiro, Mayara Ferrão e Clébson Francisco. Em dinâmica cadenciada, através de movimentos fugidios de cura(doria), do jogo e da ginga de corpos trançantes (curatoriais, performáticos, artísticos, imagéticos e textuais), se procurou atravessar mapas de fuga, memórias, ancestralidades e espiritualidades que emanam das experiências da diáspora africana na América do Sul e no Brasil, existentes nas obras das artistas. Deixando de lado certas noções coloniais de tempo linear, a proposta de curadoria se constituiu na recusa de modelos tutelares, prescritivos e descritivos presentes em algumas interpretações críticas e de curadorias mais convencionais sobre as artes. Alternativamente, tratou-se de habitar tempos de outra ordem, nas dimensões do tempo espiralar, em produção de sentidos movida pelos impulsos críticos e teóricos de Denise Ferreira da Silva, Leda Maria Martins, Aílton Krenak, Lívia Natália, Luiz Rufino e Mestre Cobra Mansa, concebendo corpos-travessia, enchendo as “quartinhas” na “Esquina das Águas” para gerar, com as artistas e suas obras, maiores atravessamentos potenciais e outras intensidades aquáticas possíveis.